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The Sadgirl
[Saturday, April 29, 2006]
Não gosto dos textos tipo "ser mãe é padecer no paraíso mas vale a pena".
Não vou dizer que não mudou nada na minha vida. Mas eu não estou com nenhum brilho fosforecente. O que mudou foi minha relação com a Deusa. Não me sinto mais envergonhada e diminuída diante dEla. Agora, cumpri minha missão: fui capaz de gerar, e isso me torna mais forte.
Mas não fiz sacrifícios terríveis, e tenho tempo para cuidar das minhas coisas. Meu amor pelo meu filho significa escolhas, não sacrifícios.
Escolhi amamentar exclusivamente, e sem saber fiz a única escolha possível para ele, que é alérgico ao leite de vaca. Amamentar doeu e sangrou mas logo isso foi superado. E mesmo nos momentos mais dolorosos, não me passou pela cabeça fazer outra coisa. Quando voltei a trabalhar, a mamadeira dele tinha como bico uma colher, que o alimentava sem me substituir, mas era ainda o meu leite. Quantas vezes o koshari não levou ele até a escola para eu amamentar...
Escolhi carregar o beija flor em um sling, um pano grande e macio (um tecido com o nome bonito de aho-poi), que respeita a coluna dele e o mantém aconchegado, uma barriga fora do corpo.
Escolhi enterrar a placenta dele sob uma árvore, para que ele não carregasse nunca no olhar a sensação de ser estrangeiro em sua própria casa, como eu.
Mas não fiz sacrifícios. Fiz escolhas, consciente ou não do que significavam. E isso não me dá chance de arrependimento nem de jogar nas costas dele os meus problemas.
Ser mãe tem valido cada hora de sono que desapareceu, cada adiamento de coisa, cada preocupação (não que tenha tido tantas assim, é mais fácil criar um filho seguindo as coisas com naturalidade).
E agora, ele vai fazer um ano, e eu me orgulho do beija flor, por tudo que ele já é. Por qualquer coisa que ele venha a ser. Mas principalmente por aquilo que ele é.
dedicado por Sarah Helena * 4:11 AM
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[Thursday, April 20, 2006]
Você tem um aluno pagão
Um guia para educadores
Pelo menos um aluno seu tem uma religião com a qual você pode não estar familiarizado. Este material tem o intuito de trazer informações que você pode precisar para compreender a experiência de vida diferente desse aluno, e responder algumas questões que você pode ter.
Como é o aluno pagão?
Por seguir tradições religiosas não dogmáticas, existe uma vasta gama de denominações dentro do paganismo. As mais comuns são a Wicca, o Druidismo, o Asatru, e aqueles que se denominam simplesmente pagãos. Do mesmo modo que você tem evangélicos neo-pentecostais, batistas, presbiterianos, católicos, ou simplesmente pessoas que se denominam cristãs, cada um com suas características, mas todos com características em comum. Graças a essa variedade, nem tudo que for dito será totalmente válido para todos os pagãos, mas engloba as características mais comuns, que podemos generalizar como pagãs; seu aluno ou os pais dele explicaram se alguma de suas práticas for diferente destas.
Um aluno pagão pratica uma religião politeísta e baseada na natureza
Um aluno pagão:
- vai honrar a divindade como Deusas e Deuses, ou Deusa e Deus, às vezes com uma ênfase na face feminina da divindade; graças a isso, alunos pagãos buscam um tratamento de gênero igualitário, em todas as suas relações sociais;
- vai ter celebrações religiosas de acordo com fases da lua (principalmente a cheia), sozinho ou em pequenos grupos, e cerimônias marcando o início e ápice das estações do ano, em grupos maiores. Essas celebrações podem ser chamadas de muitos modos: rituais, círculos, blots, esbaths, sabás, entre outros. Esses grupos, essas congregações de pagãos, podem ser chamados de covens, círculos, e outros, de acordo com as diferentes tradições.
Nessas celebrações e no cotidiano, alguns dos objetos encontrados no altar pagão são estátuas ou símbolos dos Deuses, velas, cristais, varinha, punhal (sabendo que esse punhal de uso ritual não tem fio, sendo um símbolo, não uma ferramenta de corte), taças, caldeirão, incenso, e símbolos como a estrela de cinco pontas, chamada de pentagrama ou pentáculo.
- pode usar símbolos religiosos como joalheria. Do mesmo modo que um católico usa uma cruz ou uma imagem de santo no pescoço, um aluno pagão poderá usar uma imagem de Deusa ou Deus, um nó céltico, luas crescentes ou cheias, o olho de Hórus (símbolo egípcio), o machado de lâmina dupla (vindo do culto grego), espirais e triplas espirais (chamadas triskeles), o martelo de Thor, o yin-yang (símbolo do Tao), animais ligados a Deuses, como o lobo, o corvo, o dragão, e, o mais comum, o pentagrama ou pentáculo (uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo). A confusão do pentagrama com algum tipo de símbolo satânico vem do uso que satanistas fazem do pentagrama invertido (assim como invertem a cruz cristã). O uso do pentagrama pelos pagãos está fundamentado nos gregos Pitagóricos, que usavam a estrela simbolizando sabedoria e equilíbrio, e dentro do círculo, ligando isso à idéia de eternidade e unidade.
- irá ver a Divindade como imanente na humanidade e na natureza, e verá todas as coisas conectadas umas às outras. Isso normalmente se traduz em um interesse pela ecologia e o ativismo, e uma fascinação pelos ciclos naturais.
- irá acreditar em magia, mas não a mágica dos truques ilusionistas. Isso inclui crer em conceitos como o de campos de energia pessoal, como o conceito chinês de chi, e também inclui o uso de rituais e ferramentas para dramatizar e gerar um foco de pensamento positivo, e técnicas de visualização. (podemos comparar com as atitudes ritualizadas dentro de qualquer outro culto religioso) Isso não significa que o estudante pode mexer o nariz e limpar a sala, invocar espíritos ou demônios, ou fazer qualquer coisa que quebre as leis naturais, embora, como qualquer outra criança, ela possa desejar poder fazer essas coisas. Isso também não significa que o aluno possa enfeitiçar ou amaldiçoar, porque nossa estrutura ética acredita que as ações sempre retornam para quem as fez, e esse tipo de atitude é proscrita.
- é quase certo que acreditará em reencarnação. Esta é crença mais comum entre todas as vertentes do paganismo, mas não é universal. De todo modo, seu estudante pagão não acredita no conceito de Céu e Inferno; ele irá acreditar em outros conceitos de “outro mundo”, como a Terra do Verão céltica, o Valhalla, o reino honrado das religiões do norte da Europa, ou nos campos sagrados de algumas tribos indígenas, entre outros.
- pode chamar a si mesmo Bruxo, Wiccano, Pagão, Neo-Pagão, Adorador da Deusa, Asatruar, Druida, entre outras definições. Palavras de conotação mais negativa, como feiticeiro, não são bem aceitas, pelo preconceito implícito nelas. E embora ele possa ou não se ofender com os estereótipos, ele provavelmente se apressará em dizer que as figuras de pele verde, nariz longo e curvo, caricatas, em cartazes de halloween ou livros de histórias não se parecem com ele ou sua família.
Um aluno pagão é educado em uma ética que enfatiza tanto a liberdade pessoal como a responsabilidade pessoal.
A ética pagã permite uma grande liberdade pessoal, desde que aliada a uma forte responsabilidade pessoal. A base primária para a ética pagã é a compreensão de que tudo está conectado, que nada que se faz deixa de afetar os outros, e que toda ação tem uma conseqüência. Não existe o conceito do perdão dos pecados no nosso sistema ético: as conseqüências de uma ação devem ser encaradas, e é necessário que haja uma reparação em relação a quem foi prejudicado. Não existem regras arbitrárias sobre questões morais; cada ação deve ser pesada em relação ao dano que poderia causar a alguém. Assim, por exemplo, a homossexualidade consensual não tem nenhum peso moral negativo, porque não prejudica ninguém, mas fazer “brincadeiras” com as características dos outros (como o bullying), será considerado muito errado, porque prejudica a integridade e a auto-estima daquele que está sendo vítima da “brincadeira”. Um bom exemplo de como essas regras éticas são entendidas é a Lei Tripla da Wicca, que diz “tudo que fizer voltará para você três vezes.”
Um aluno pagão abraça o paradigma da diversidade.
Como as religiões pagãs se enxergam como um caminho entre muitos, e não o único caminho para a verdade, e porque pagãos enxergam uma variedade de divindades em seus panteões, tanto masculinas quanto femininas, os pequenos pagãos crescem em uma atmosfera que desencoraja a discriminação de raça, gênero, etc, e incentiva a individualidade, a auto descoberta, e o pensamento independente. Também é provável que ele tenha aprendido religião comparada; a maioria dos pagãos tem como atitude não forçar suas crenças na criança, mas ensiná-las e apresentá-las também a outras crenças religiosas, permitindo que decidam quando tiverem idade para tal. De todo modo, um aluno pagão provavelmente não terá um conceito emocional de Céu e Inferno, ou salvação na visão cristã, embora ele conheça a respeito de um modo teórico. E um aluno pagão está acostumado a respeitar os textos sagrados de outras religiões, mas não a acreditar neles literalmente, quando conflitam com os conceitos científicos ou se propõem a ser a única verdade. Para um jovem pagão, os Vedas hindus, a Bíblia ou o Tao Te King tem o mesmo valor, e merecem o mesmo respeito. O que não significa que ele terá suas crenças fundamentadas em nenhum deles, e irão esperar o mesmo respeito à suas crenças, que devotam à crença dos outros.
É provável que um estudante pagão aprecie leitura, ciências e profissões humanistas
Margot Adler, publicou na edição de 1989 de seu livro Drawing Down the Moon, uma pesquisa sobre o perfil dos pagãos. O resultado mostra que uma das coisas que os pagãos tem em comum apesar de suas diferenças é um voraz apetite pela leitura e o aprendizado. Pagãos também estão muito representados na área de informática e no campo de saúde/cuidado. Crianças pagãs tendem a ter familiaridade com computadores desde cedo. *
Apesar de suas crenças serem muitas vezes incompreendidas, as religiões voltadas para a terra tem crescido nas últimas décadas, e geram grande satisfação espiritual em seus praticantes. Com a atual corrente de apreciação da diversidade e a tolerância, mais pessoas agora compreendem que as diferenças entre raízes culturais trazem perspectivas que devem ser valorizadas e não temidas. Nossa esperança como educadores é que este material providencie informações para que você possa compreender melhor seus alunos pagãos. ______________________________________________________________________________
*pesquisa feita nos Estados Unidos, mas com resultados provavelmente próximos aqui.
Tradução/adaptação do texto You Have A Pagan Student In Your School - A Guide For Educators de Cecylyna Dewr, voltado para o universo que conheço e convivo, de pagãos e professores do Brasil por Sarah Helena “Filhote de Lua” – filhotedelua@yahoo.com.br
©1998 Cecylyna Dewr
A distribuição será bem vinda, mas dêem os créditos
Para mais infomarções contate
Pagan Pride Project – www.paganpride.org
dedicado por Sarah Helena * 1:27 AM
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[Monday, April 10, 2006]
Muito tempo sem postar...
Queria falar sobre xilogravura, mas vou deixar para outra hora.
Também queria falar sobre ausências e a delícia de ter alguém longe em quem se pensar, agora que o meu And está em Rio Claro.
Mas o tempo vai passando e sem problemas, as coisas vão se transformando na mente. Outra hora escrevo sobre cada uma dessas coisas.
dedicado por Sarah Helena * 1:42 AM
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