Perfil

Nome: The Sadgirl, mas aqui pode chamar de Filhote de Lua
Idade: 23
Signos: cão ascendente cão, libra ascendente touro
Música: The secret of Roan Inish (toda a trilha sonora)
Uma Verdade: Tudo Acontece da Melhor Forma
Uma certeza: Minha Fé e meu Amor



Outros Caminhos


A sorveira e o carvalho
em Canto: poiésis & pensamento
Dança do Tempo
Zoe Tarot
Correndo com lobos



Trilhas na teia



Tribos de Gaia

Roda de Hécate

Florbela Espanca

Passado

<< Home



Aqueles que auxiliam este lugar...

Cristal Layout Shop
Hosted at Blogger
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Outros jeitos de dizer o que sou
















Já passaram por aqui hits.


101 coisas em 1001 dias
101 coisas
1001 dias

as tarefas

A Casa

1- Organizar a cozinha
2- Refazer meu mural magnético
3- Manter o quarto arrumado por duas semanas inteiras
4- Organizar as imagens do computador
5- Montar um caderno de receitas
6- Plantar alguma coisa na calçada de casa
7- Tornar o jardim habitável
8- Plantar ervas de cheiro em um vaso na janela da cozinha
9- Fazer brownie de chocolate

Koshari

10- Fazer uma lista com 30 coisas que o Koshari gosta
11- Fazer ele curtir, no mínimo, uma coisa dessa lista por semana até o fim da lista.
12- Tirar um filme inteirinho de 36 poses com fotos só eu e o Koshari

Beija Flor

13- Levar o Beija Flor conhecer a Tataravô
14- fazer o scrapbook digital do Beija Flor
15- Fazer apliques para todas as roupas do Beija Flor que precisam de reforma

Fé

16- Entalhar uma imagem de Hecate
17- Fazer uma teia de sonhos
18- Conseguir um baralho de tarot novo
19- Voltar a estudar o tarot
20- Montar meu altar definitivo
21- Cumprir um ciclo de rituais sazonais

Minhas mãos se movem

22- Fazer um teatro de fantoches
23- Construir um Dragão ou Leão para o Ano Novo Chinês
24- Organizar e mandar o projeto do Pêssegos (o livro) para o FAC
25- Colocar a máquina de costura para funcionar
26- Fazer um bicho de pano pro Beija Flor
27- Fazer um bicho de pano pra mim
28- Fazer bonecas comercialmente
29- Pintar 5 telas
30- Fazer uma cortina de tsurus

Meus pés se movem

31- Ir a pelo menos 2 eventos orientais esse ano
32- Visitar o Trianon
33- Visitar o Solo Sagrado
34- Ir no Hopi Hari
35- Fazer uma trilha
36- Visitar uma praia fora do Estado de SP
37- Voltar em Parati
38- Viajar de trem

Minha mente se move

39- Alugar três filmes dramáticos/românticos e assistir, mesmo que só eu queira vê-los.
40- Assistir um show do Cordel do Fogo Encantado
41- Ouvir música por 24 Hrs seguidas
42- Ler as Crônicas de Nárnia

Meu corpo se move

43- Fazer mechas azuis no cabelo
44- Fazer duas tatuagens
45- Colocar um varador na orelha
46- Passar uma semana com o cabelo preso toda vez que eu sair
47- Fazer um segundo óculos bem transado
48- Sair de noite pra dançar
49- Ir a uma rave

Minha memória se move

50- Reencontrar alguém da faculdade e beber cerveja
51- Beber cerveja com o Andrezão pelo menos uma vez por ano.
52- Ir a uma reunião de diretório do Partido
53- Fazer as pazes com alguém
54- Enviar 25 cartas pelo correio

Fazeres

55- Fazer uma festa Anos 80
56- Fazer um jantar japonês
57- Fazer um jantar para os amigos
58- Fazer um pic nic

Brincares

59- Juntar 100 bolinhas de borracha de máquina
60- Brincar de amarelinha
61- Montar e por para funcionar o Ferrorama
62- Montar um quebra cabeças de mil peças
63- Montar um quebra cabeças de 5 mil peças
64- Andar de Montanha Russa
65- Fechar o Fatal Frame 2

Conheceres

66- Aprender a tocar baixo
67- Fazer um curso de canto
68- Começar a estudar japonês
69- Aprender a bordar

Cuidados

70- Ficar uma semana a base de alimentos naturais
71- Ir ao ortopedista
72- Ir ao otorrino e descobrir se minha audição está 100% ou não

Ordenações

73- Fazer uma agenda de telefones
74- Fazer um diário por três meses (mínimo de 5 escritos por semana)
75- Enviar cartões de natal, todo ano até terminar o projeto
76- Escovar todos os meus bichos de pelúcia
77- Fotografar e catalogar todos os bichos de pelúcia da casa
78- Começar o Mestrado
79- Cumprir 20 propostas do Livro da Tribo

Conexões

80- Escrever posts com qualidade literária mínima para cada tarefa realizada
81- Atualizar o Buscas uma vez por semana (mínimo) por dois meses
82- Preparar e postar no blog uma lista de 50 livros que valem a pena
83- Preparar uma lista com 30 músicas da MPB que podem ser consideradas pagãs, e publicar junto com as letras
84- Montar e deixar on line a página sobre Bichos de Pelúcia
85- Criar um site para vender as bonecas artesanais

Aquisições

86- Comprar 5 livros novos
87- Comprar os CDs do Cordel
88- Comprar uma rede
89- Comprar ou ganhar um jogo de Tafl
90- Comprar 2 itens na loja virtual do Projeto Tamar
91- Comprar um kimono
92- Mandar fazer um uniforme de Star Trek
93- Assinar a revista Vida Simples

Eu e o mundo

94- Montar uma árvore genealógica o mais longa que eu conseguir
95- Ajudar de 5 jeitos o S.O.S. Gatinhos
96- Contar histórias para crianças em pelo menos um evento
97- Doar sangue voluntariamente
98- Participar do museu da pessoa
99- Tirar a carteira de motorista
100- Fazer um quadro de presente para a Casa de Parto

E para poeticamente chegar a um final...

101- Fazer um barquinho de papel e soltar ele no meio fio em um dia chuvoso




Layout por:

The Sadgirl

[Sunday, September 03, 2006]

Tristan atravessou a entrada, com o muro de pedra dos dois lados, e chegou à pradaria do outro lado do muro.

Ele se voltou, olhou para os três homens enquadrados pela abertura, e ficou imaginando porque eles o tinham deixado passar.
(...)

E à medida que andava, o frio da noite ficava mais ameno. Quando atingiu o bosque no topo da colina, ficou surpreso ao perceber que a lua brilhava nas folhas das árvores. estava perplexo porque fazia uma hora que a lua havia se posto, magra e fininha, um crescente prateado e afiado. Agora, a lua que derramava seus raios sobre ele era enorme, dourada, cheia e profundamente colorida, como só se vê no equinócio do outono.

(...)

Um vento cálido bateu no rosto de Tristan: cheirava a hortelã, folhas de groselha e ameixas vermelhas e maduras. Finalmente, ele se deu conta da enormidade do que estava fazendo. Estava entrando no Mundo das Fadas, à procura de uma estrela cadente, sem idéia alguma de onde encontra-la ou como se manter inteiro nessa viagem. Ele olhou para trás e gostou de ainda ver as luzes de Wall, tremelicando e piscando, como se estivessem envolvidas por neblina, mas ainda convidativas.

(...)



E se você quiser ver o final disto, e continuar sabendo das minhas Buscas, saiba que existe um novo endereço para fazer isso...


Um Novo Buscas



(texto retirado de Stardust, Neil Gaiman)


dedicado por Sarah Helena * 6:54 PM
|
____________________________

[Monday, August 28, 2006]

Tem algumas mudanças no ar do Buscas. Apesar de nem sempre os posts serem tão frequentes quanto eu gostaria, ele tem se tornado especial demais. Peço desculpas para as pessoas que comentam aqui, quando demoro a comentar de volta. É que eu observo mais do que comento. Saibam que eu visito os blogs, e não é uma vez só, é toda semana, e cedo ou tarde eu vou comentar alguma coisa... sei também o quanto é gratificante receber um comentário... (um abraço pra Carla, que comentou meu post sobre o Líbano, assunto muito importante e que ainda ninguém tinha comentado)... Então vou tentar comentar mais por aí. Apesar do muito tempo que tenho fazendo blogs (nem parece, mas já são sete anos), nunca fui de participar da blogosfera. Escrevia para mim mesma, para as pessoas do meu convívio. Precisei tomar uma paulada terrível para ficar com vontade de escrever para os desconhecidos, de escrever coisas muito mais íntimas e internas e ao mesmo tempo, sem medo de jogarem isso contra mim.


Comecei esse blog no blig, logo que ele surgiu. Foi o primeiro blog que eu mexi no template. Na época, o Um Canto Pra Todo Mundo Ficar era bem diferente do que é hoje. Eu acabei passando por Buscas algumas atribuições do outro blog.


No início, eu era uma adolescente deslumbrada, que tinha acabado de ser iniciada na wicca embora nem tivesse muita idéia do que isso significasse. Logo no início dele passei pela primeira crise da idade adulta, embora ainda fosse adolescente. Foi a época em que eu me embrenhei no meu lado mais lua nova, mais escuro, e tenho orgulho de ter escapado inteira (mas não ilesa). Apesar de ter menos conhecimento, eu tinha uma vontade de vivenciar tudo e tinha uma força de vontade admirável. Crescer não me fez muito bem nesse aspecto.

Fiquei um bom tempo feito um bicho acuado, recolhendo meus pedaços sem saber o que fazer. Mas eu tinha aprendido a costurar, e me costurei, me refiz. Embora ainda não tenha de volta aquela vontade imbatível que fazia funcionar recortes de ritos tirados de livros de antropologia, eu acho que agora tenho minhas vantagens também.

Então, quando surgiu o blig pago, eles sacanearam o serviço gratuito, e fui parar no blogspot, junto com muitas outras pessoas. Foi um boicote coletivo, e acho que valeu a pena- o blogspot é uma ferramenta muito melhor, e o blog sofreu um salto de qualidade.

As pessoas ainda me procuram para ter conselhos, mas não necessariamente por causa do tarôt. É por mim mesma. E começam a me reconhecer como mulher, embora essa minha feição de menina não ajude (e eu não vou me maquiar para parecer mais velha, rs) , e me olham com respeito quando eu falo. Ter me tornado mãe me fez recuperar a auto estima, mas principalmente me fez recuperar o meu poder, minha visão. Eu estava cega em mim mesma, e quando o beija flor surgiu, eu estava de novo escutando o mundo girar. Eu aprendi tanta coisa e relembrei tanta coisa.

Agora, acho que uma nova mudança se faz necessária. O ar no blog começa a ter cheiro de coisa nova. Aguardem, porque a espera vai valer a pena.


dedicado por Sarah Helena * 3:25 PM
|
____________________________

[Wednesday, August 16, 2006]

Escolho a faca debaixo do balcão. Ela é curta, afiada e quase sem uso. Desço até a metade da escada. Escolho um ramo meio verde ainda, embora já sem folhas. Suficientemente flexível. Levo ele comigo, depois de tirar os espinhos.

A primeira vez não deu certo. Me emaranhei e tive de começar do começo. Tentei novamente. Nova falha. Peguei a linha, o círculo feito com o galho, e fui olhar a noite. Respirei. Senti a noite em mim. Pensei nos sonhos assando na teia, nos sonhos ruins ficando presos. E comecei a tecer de novo, pensando em uma pequena aranha.

Volta após volta, começou a se formar. Linha esticada, volta inteira, retorno. Colocar a aranha. Um pedaço de concha lapidada. Nácar amarelado, bonito.

Finalizar os nós, pendurar ouras pedras. Não tenho nenhuma pena. Vai ficando assim por enquanto.

A teia está na janela. Sobre o berço. Cumprindo a sua função, de não deixar sonhos ruins entrarem para incomodar o beija flor...

Instruções para fazer uma Teia de Sonhos

http://www.nativetech.org/dreamcat/dreminst.html

em breve, um post mais trabalhado sobre isso



dedicado por Sarah Helena * 3:53 AM
|
____________________________

Colocando o atraso em dia...

Tanabata Matsuri – 30 de Julho de 2006

A princesa Orihime é uma das filhas do Senhor Celestial. E é uma maravilhosa tecelã. Uma manhã, ela tecia diante da janela, e viu um lindo rapaz levando seus bois para o pasto. O belo pastor era Kengyyu, ele também muito dedicado a seu trabalho. Mas mesmo assim ele a viu pela janela, e ficou comovido de beleza. Percebendo isso, o Senhor Celestial permitiu que se conhecessem, e acabaram por se casar.

Mas o amor e o prazer não são tudo que temos... existem deveres também. Como ficavam os bois sem irem ao pasto, enquanto Kengyyu deitava a cabeça no colo da princesa? Como ficava o tear, com as linhas se emaranhando, enquanto Orihime adormecia ouvindo a voz do seu pastor?

O Senhor Celestial ficou muito bravo. Eles ficavam loucos de amor e deixavam seus deveres e lado! Então, como castigo, colocou cada um de um lado da Via Láctea.

Fazer seus deveres, eles faziam. Mas tomados de imensa tristeza. Então, vendo a princesa definhar, seu pai decidiu abrandar o castigo: no sétimo dia do sétimo mês do ano lunar, ele ergue a Via Láctea e permite o encontro dos dois. E nesse caminho, a princesa recolhe os pedidos das pessoas da Terra, e leva para seu pai, para que sejam realizados.

Hoje, ainda podemos ver a princesa: seu brilho é o da estrela Veja. E podemos ver o lindo pastor, brilhando como a estrela Altair.

Esse dia de fazer desejos é o Tanabata Matsuri, o Festival das Estrelas. Dia 30 de Julho eu estive lá, amarrei pedidos nos bambus, por mim, pelo Koshari e pelo beija flor. Espero que a Princesa leve meus pedidos para o céu...

Metade de uma meta cumprida. Preciso só de mais um evento oriental este ano... nossa, que sacrifício...



dedicado por Sarah Helena * 3:31 AM
|
____________________________

[Tuesday, August 01, 2006]

Quando eu amamento, eu alimento com leite e com amor. Alimento o corpo e o espírito. Fortaleço meu filho com meu leite, e também com o contato que ele tem com meu corpo; É a energia e o calor que vem de mim, é a batida do meu coração, que alimentam ele junto com o leite.

Durante muito tempo, fizeram de tudo para roubar da mulher o poder. Dizer que a mulher é sexo frágil não é mais que a pontinha do gelo: isso incluiu também a medicalização do parto (as pessoas acham que é impossível ter filho sem médico e hospital; pois é, tá aqui o beija flor provando que isso é mentira), e uma campanha terrível de desvalorização da amamentação.

Pior que tudo, descobriram que desvalorizar a amamentação era uma fonte inesgotável de dinheiro. E da-lhe vender mamadeira, fórmula, "leite ninho". E dizer que leite de mulher é fraco, é pouco, seca ao primeiro susto. Deixaram a mulher cheia de medo, envergonhada de dar o peito.

Amamentar é um rito de passagem tão importante quanto dar a luz. Tem seus êxtases e seus desesperos. Engraçado que a dor, assim como no parto, quando se torna insuportável, vai embora. Eu tive uns vinte dias terríveis com isso. Sangramento, dor, incômodo. mas passou. E ficou o que? Fica o orgulho, fica a certeza de meu elo com a Terra: eu sou uma nutriz.

E ser uma nutriz é algo mágico. Eu sou capaz de sustentar outra vida além da minha, com meu próprio corpo. Meu leite é o melhor de mim. Carrega um poder ainda maior que meu sangue: porque o sangue é a promessa, mas o leite é a realização.

Me sinto mais alta e mais forte quando amamento. Quando o beija flor fecha os olhos, deliciado, confiante, apoiado em mim, até ficar quase adormecido, ou quando me olha e ri enquanto mama, me sinto mais mãe, mais terra, me sinto unida a ele por laços que nada pode romper. Eu me dôo para ele e recebo de volta seus passos vacilantes, seu canto, sua confiança.

Quando deito na cama, o koshari abraçado e mim, o beija flor mamando, conheço o real sentido de unidade. Somos três e somos um... e meu leite muitas vezes escorre, e dou como dádiva esse leite para a terra, que generosa, me devolve em felicidade.


dedicado por Sarah Helena * 3:35 AM
|
____________________________

[Wednesday, July 26, 2006]



O passado é parte de nós. Hoje o beija flor viu as fotos antigas, e na maior sem cerimônia, apontou e disse "mamãe". Acho que foi para minha bisavó. Ou para minha avó, ou uma das minhas tias avós. Não é de surpreender, todas temos muitos traços em comum. Mas é estranho ver ele olhar com toda aquela atenção para as fotos... quase assustador. Mas acontece. Nos olhos dele me reconheço, as vezes olhando fotos antigas, vejo o beija flor em outras crianças. Todos nós dentro de uma única ancestralidade, e unidos pelas fotografias.

Fotografia. Literalmente, a escrita da luz. Fico pensando na luz escrevendo coisas, e soa bem fácil de enxergar. É o que grava informações no cd e o que grava a memória do sol na minha pele. Ando as voltas com fotografias mais que nunca. Sejam as contantes tiradas no celular, sejam as que retrabalho no computador, ou as cento e tantas que escaneei nos ultimos dias.

Somos obcecados pelo registro. Uma obscessão boa, será que eu poderia dizer? Fazemos esforços medonhos para manter vivas as lembranças, e as fotografias fazem isso muito bem.


Fico por aqui. eu, meu bisavô e minha bisavó.


dedicado por Sarah Helena * 5:05 PM
|
____________________________

[Thursday, July 20, 2006]

A Terra de Gibran

Composição: Kalil Gibran/Zé Geraldo/Aroldo Santarosa/Luiz Bueno/Fernando Melo

O mês de abril cobre a terra com ervas e flores
As amendoeiras e macieiras com suas roupas simples
parecem noivas dos filhos da poesia

A Primavera é bela em toda parte
mas é mais do que bela no Líbano
A Primavera é a alma de um Deus desconhecido
que percorre o mundo apressado
e quando passa pelo Líbano
detém o passo e conversa com as almas
dos reis e dos profetas que vagueiam no espaço

Na Primavera Beirute é muito mais bela
pois está livre das chuvas do inverno e da poeira do verão
Parece uma linda mulher sentada à beira da fonte onde se banhou
deixando que os raios do sol sequem o seu corpo

Quando chega a noite a lua se levanta detrás da montanha
e estende sua luz sobre as colinas
As aldeias aparecem nos flancos das montanhas
como que surgidas do nada
O Líbano então é como um jovem deitado sob um véu
que cobre seus músculos sem os esconder

É uma palavra poética
Simboliza sentimentos
Evoca florestas de cedro entre perfumes de incenso
Lembra torres de bronze e mármore marcadas pela glória
Lembra bandos de gazelas correndo através dos prados

Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano
Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano

O Líbano hoje é como um velho curvado
por muitos anos de lutas e lutos
Um velho com os olhos abandonados pelo sono
à espera da aurora como um rei destronado
em meio às cinzas do seu trono e as ruínas do seu palácio
O Líbano tinha a lua cheia e a alma feliz
Hoje é um escuro triste exausto e solitário

Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano
Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano

__________________________________________________________

É difícil falar de certas coisas. Porque eu sinto amor pelo Líbano? Por causa de Gibran, com certeza. Mas também porque eles tem uma árvore na bandeira, e na minha infância nenhuma bandeira me parecia tão bonita quanto aquela. E meu pai me ensinou que o Líbano era um país sofrido pela guerra. E eu amei com aquela compaixão que as crianças tem por coisas que não compreendem com perfeição, aquele país de árvores e poetas.

Depois eu soube que o Líbano e o Brasil tem muito mais em comum que árvore poeta, bandeira. Tem gente. Muita gente. Neste momento, cem mil brasileiros vivem no Líbano e trinta mil passam féria lá. Neste momento, duzentas pessoas do grande ABC, onde moro, estão no Líbano sem conseguir sair.

Eu cresci com um amor discreto e nostálgico pela terra dos cedros. Amo o perfume da madeira do cedro quando eu entalho nela. E mesmo sendo tão diferente em tanta coisa, mesmo tendo uma fé com a qual eu assumo meu preconceito, mesmo assim, ainda é meu o Líbano, como era quando eu era uma menina. E eu sofro, profundamente, ao ver o que está acontecendo lá.

Como podem permitir essa violência? Como o povo israelense, que já foi tão tiranizado, pode se tornar ele mesmo tirano? Não consigo aceitar. E estou escrevendo aqui meu repúdio ao Estado de Israel, meu repúdio a essa ofensiva ridícula e exagerada, que vitima vítimas civis, e crianças inocentes, como já acontece há anos na Palestina, e o mundo faz ouvidos moucos.

Uma vez, meu pai perguntou ao xeque Jihad qual o caminho da paz no Oriente Médio. O xeque olhou meu pai nos olhos e respondeu uma única palavra: Justiça.

É com essa palavra que me despeço, acalentando esse desejo no meu coração.



Justiça para o Líbano


dedicado por Sarah Helena * 5:37 PM
|
____________________________

[Saturday, July 08, 2006]

Habemus Junito

E não, eu não comecei a cumprir a meta da lista de comprar 5 livros novos. Estes vieram do sebo, em muito bom estado, de fato. Para quem não sabe quem é o Junito, "Junito" é o modo carinhoso de falar da coleção Mitologia Grega do Junito de Souza Brandão. Esses três livros estão entre aquilo que de melhor se escreveu sobre o assunto em português, e são chupinhados por um sem número de outros livros. No sebo, consegui os volumes II e III. Agora, só falta o I. Não tive tempo ainda para grandes explorações na leitura, comprei o livro às cinco e meia, as seis e meia fui trabalhar, cheguei as onze, fui tomar uma cerveja na varanda com a mãe, pai e o koshari, o gordo chegou, fui brincar no photoshop, ler emails, e agora estou aqui. Folheei o livro enquanto jantava, sem pressa agora que tenho um meu.

Folheando, li na guarda do livro o papel colado de um outro sebo, onde ele foi comprado antes, por um antigo dono. Já me surpreendeu reencontrar o livro no sebo: alguém o comprou e vendeu de volta. Mas antes disso, ele foi vendido em um sebo em Perdizes, Sampa. E antes onde será que ele foi comprado? O livro teve ele mesmo sua trajetória mítica, heróica, para chegar na minha mão, a um terço do seu preço de capa, um pouco sujo, bastante lido, a lombada amarelecida.

O que tera visto o meu Junito, em estantes ou empilhado por ai, encaixotado, empoeirado, adjetivado, lido, dentro de casa, em ônibus, parques, faculdades, até ser ensacolado e posto para andar em um carrinho de bebê, desembrulhado em uma mesa de café, entre comentários de como foi boa minha aquisição e sobre como o frio de julho se estende quando o sol cai?



ps-eu gosto mais dos sebos que embrulham os livros em papel craft do que aqueles que os enfiam em sacolas. O craft rosa é muito mais terno e aconchegante do que o plástico.


dedicado por Sarah Helena * 2:29 AM
|
____________________________

[Wednesday, July 05, 2006]

Então eu sai e nós fomos para a LAN. Na Lan eu sempre pego bolinhas maravilhosas. É como se cada esfera colocada na máquina tivesse sido escolhida. Tão bom, só no SOGO. Mas a máquina quebrou e agora as bolinhas imitando caveiras camicases com relevo e tudo desapareceram. Então, eu estava parada diante da máquina, que é baixa demais para ser confortável pegar as bolinhas sem me agachar, olhando e pensando em como seria bom pegar a transparente com riscos perolados, ou a áspera com manchas coloridas cercadas de preto. Moeda na fissura, giro a manopla, escuto o barulho familiar, e ergo a tampinha: voilá. Laranja e amarela, brilhante.
Eu pego outra moeda no bolso, e de maneira surpreendente, outra, quase identica a anterior. Terceira moeda, e meu dia foi ganho: a transparente com riscos perolados é minha.

Consulto o bolso. Mais três moedas. De novo, giro a manopla, e agora vem uma laranja opaca, intensa. Outra amarela e laranja. E finalmente, a manchada com bordinhas pretas

Enfio as bolinhas no bolso, enquanto corro para subir as escadas. Foi divertido, juntar moedas por tanto tempo. Agora, que minha obcessão é pública, vários amigos me trazem as moedas velhas de 50 centavos, cada vez mais raras. Consegui seis bolinhas de uma vez. A textura delas é muito macia, mas o mais delicioso é o cheiro.

Quando chego em casa, pego o pote onde elas se acumulam. Não conto quantas são faz muito tempo. Cheiro o pote, a borracha perfuma minhas narinas. A cor lá dentro é bonita, como uma festa infantil nos anos 80. Eu não consigo me sentir infantil mexendo com elas. São bonitas demais para qualquer sentimento de culpa. Despejo as últimas seis bolinhas lá dentro, e depois viro no meu colo o pote, colocando uma por uma de volta. Uma, duas, cinco, sete, doze. Quando a última, transparente com um peixinho azul dentro, cai junto das outras, eu falo Cem.

Exatas cem bolinhas, um dia depois de começar a lista e anotar lá: "juntar cem bolinhas de borracha".

Primeira tarefa cumprida. Só faltam cem agora.


dedicado por Sarah Helena * 2:43 AM
|
____________________________

[Monday, June 19, 2006]

Eu estou as voltas com um projeto novo para o Buscas. Encontrei por acaso, mas decidi topar o "jogo". Afinal, procrastinação é meu terceiro nome, entre o Helena e o Bedeschi. Peguei a idéia aqui neste blog, embora a idéia venha daqui e a versão em português daqui.



A missão:
Completar 101 metas previamente estabelecidas no período de 1001 dias.

Critérios:
As tarefas precisam ser específicas, realistas, mensuráveis e exigir algum esforço da sua parte, mesmo que pequeno.



começo segunda feira dia 19 de junho de 2006
tenho até o dia 16 de março de 2009 para fazer tudo isso



O blog continua funcionando com os outros tipos de posts, mas fazer as coisas da lista vai ficar sempre pipocando por aqui...


As tarefas não estão organizadas por importância, mas só por proximidade uma com a outra...

A Casa

1- Organizar a cozinha

2- Refazer meu mural magnético

3- Manter o quarto arrumado por duas semanas inteiras

4- Organizar as imagens do computador

5- Montar um caderno de receitas

6- Plantar alguma coisa na calçada de casa

7- Tornar o jardim habitável

8- Plantar ervas de cheiro em um vaso na janela da cozinha

9- Fazer brownie de chocolate

Koshari

10- Fazer uma lista com 30 coisas que o Koshari gosta

11- Fazer ele curtir, no mínimo, uma coisa dessa lista por semana até o fim da lista.

12- Tirar um filme inteirinho de 36 poses com fotos só eu e o Koshari

Beija Flor

13- Levar o Beija Flor conhecer a Tataravô

14- fazer o scrapbook digital do Beija Flor

15- Fazer apliques para todas as roupas do Beija Flor que precisam de reforma

16- Entalhar uma imagem de Hecate

17- Fazer uma teia de sonhos

18- Conseguir um baralho de tarot novo

19- Voltar a estudar o tarot

20- Montar meu altar definitivo

21- Cumprir um ciclo de rituais sazonais

Minhas mãos se movem

22- Fazer um teatro de fantoches

23- Construir um Dragão ou Leão para o Ano Novo Chinês

24- Organizar e mandar o projeto do Pêssegos (o livro) para o FAC

25- Colocar a máquina de costura para funcionar

26- Fazer um bicho de pano pro Beija Flor

27- Fazer um bicho de pano pra mim

28- Fazer bonecas comercialmente

29- Pintar 5 telas

30- Fazer uma cortina de tsurus

Meus pés se movem

31- Ir a pelo menos 2 eventos orientais esse ano

32- Visitar o Trianon

33- Visitar o Solo Sagrado

34- Ir no Hopi Hari

35- Fazer uma trilha

36- Visitar uma praia fora do Estado de SP

37- Voltar em Parati

38- Viajar de trem

Minha mente se move

39- Alugar três filmes dramáticos/românticos e assistir, mesmo que só eu queira vê-los.

40- Assistir um show do Cordel do Fogo Encantado

41- Ouvir música por 24 seguidas

42- Ler as Crônicas de Nárnia

Meu corpo se move

43- Fazer mechas azuis no cabelo

44- Fazer duas tatuagens

45- Colocar um varador na orelha

46- Passar uma semana com o cabelo preso toda vez que eu sair

47- Fazer um segundo óculos bem transado

48- Sair de noite pra dançar

49- Ir a uma rave

Minha memória se move

50- Reencontrar alguém da faculdade e beber cerveja

51- Beber cerveja com o Andrezão pelo menos uma vez por ano.

52- Ir a uma reunião de diretório do Partido

53- Fazer as pazes com alguém

54- Enviar 25 cartas pelo correio

Fazeres

55- Fazer uma festa Anos 80

56- Fazer um jantar japonês

57- Fazer um jantar para os amigos

58- Fazer um pic nic

Brincares

59- Juntar 100 bolinhas de borracha de máquina

60- Brincar de amarelinha

61- Montar e por para funcionar o Ferrorama

62- Montar um quebra cabeças de mil peças

63- Montar um quebra cabeças de 5 mil peças

64- Andar de Montanha Russa

65- Fechar o Fatal Frame 2

Conheceres

66- Aprender a tocar baixo

67- Fazer um curso de canto

68- Começar a estudar japonês

69- Aprender a bordar

Cuidados

70- Ficar uma semana a base de alimentos naturais

71- Ir ao ortopedista

72- Ir ao otorrino e descobrir se minha audição está 100% ou não

Ordenações

73- Fazer uma agenda de telefones

74- Fazer um diário por três meses (mínimo de 5 escritos por semana)

75- Enviar cartões de natal, todo ano até terminar o projeto

76- Escovar todos os meus bichos de pelúcia

77- Fotografar e catalogar todos os bichos de pelúcia da casa

78- Começar o Mestrado

79- Cumprir 20 propostas do Livro da Tribo

Conexões

80- Escrever posts com qualidade literária mínima para cada tarefa realizada

81- Atualizar o Buscas uma vez por semana (mínimo) por dois meses

82- Preparar e postar no blog uma lista de 50 livros que valem a pena

83- Preparar uma lista com 30 músicas da MPB que podem ser consideradas pagãs, e publicar junto com as letras

84- Montar e deixar on line a página sobre Bichos de Pelúcia

85- Criar um site para vender as bonecas artesanais

Aquisições

86- Comprar 5 livros novos

87- Comprar os CDs do Cordel

88- Comprar uma rede

89- Comprar ou ganhar um jogo de Tafl

90- Comprar 2 itens na loja virtual do Projeto Tamar

91- Comprar um kimono

92- Mandar fazer um uniforme de Star Trek

93- Assinar a revista Vida Simples

Eu e o mundo

94- Montar uma árvore genealógica o mais longa que eu conseguir

95- Ajudar de 5 jeitos o S.O.S. Gatinhos

96- Contar histórias para crianças em pelo menos um evento

97- Doar sangue voluntariamente

98- Participar do museu da pessoa

99- Tirar a carteira de motorista

100- Fazer um quadro de presente para a Casa de Parto

E para poeticamente chegar a um final...

101-Fazer um barquinho de papel e soltar ele no meio fio em um dia chuvoso






dedicado por Sarah Helena * 4:12 AM
|
____________________________

[Monday, June 05, 2006]

peguei em um fórum, não tinha autoria. bobinho mas legal

"Acontece algumas vezes que não achamos bom o chá.
Descobre-se a causa quando se chega ao fundo da xícara: era o açúcar.
Não estava faltando, mas estava no fundo.
Teria sido necessário mexer.
Talvez o que esteja faltando à nossa vida tenha ficado no fundo.

Nossa vida talvez não tenha sabor porque não temos a coragem de ir ao fundo das coisas ou porque não queremos.

Fazemos caretas como ao tomar chá sem açúcar.

Precisamos fazer o esforço de mexer a vida, de tocar nos segredos dos Deuses em nós."


dedicado por Sarah Helena * 2:17 PM
|
____________________________

[Tuesday, May 02, 2006]

recebi do PD Literatura
(o que está entre aspas é khalil gibran, o que está fora é do PD...


“Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.”

como diz Kalil.

Ser mãe é desprendimento. É plantar asas e observar o vôo.
Mesmo sabendo que o filho-pássaro pode não mais voltar.

Eu diria que ser mãe é como ser poeta,
que trabalha o poema para entregá-lo ao mundo.

“Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.”

– Gibran Kalil Gibran, do livro “O Profeta” –


dedicado por Sarah Helena * 3:50 PM
|
____________________________

[Saturday, April 29, 2006]

Não gosto dos textos tipo "ser mãe é padecer no paraíso mas vale a pena".

Não vou dizer que não mudou nada na minha vida. Mas eu não estou com nenhum brilho fosforecente. O que mudou foi minha relação com a Deusa. Não me sinto mais envergonhada e diminuída diante dEla. Agora, cumpri minha missão: fui capaz de gerar, e isso me torna mais forte.

Mas não fiz sacrifícios terríveis, e tenho tempo para cuidar das minhas coisas. Meu amor pelo meu filho significa escolhas, não sacrifícios.

Escolhi amamentar exclusivamente, e sem saber fiz a única escolha possível para ele, que é alérgico ao leite de vaca. Amamentar doeu e sangrou mas logo isso foi superado. E mesmo nos momentos mais dolorosos, não me passou pela cabeça fazer outra coisa. Quando voltei a trabalhar, a mamadeira dele tinha como bico uma colher, que o alimentava sem me substituir, mas era ainda o meu leite. Quantas vezes o koshari não levou ele até a escola para eu amamentar...

Escolhi carregar o beija flor em um sling, um pano grande e macio (um tecido com o nome bonito de aho-poi), que respeita a coluna dele e o mantém aconchegado, uma barriga fora do corpo.

Escolhi enterrar a placenta dele sob uma árvore, para que ele não carregasse nunca no olhar a sensação de ser estrangeiro em sua própria casa, como eu.

Mas não fiz sacrifícios. Fiz escolhas, consciente ou não do que significavam. E isso não me dá chance de arrependimento nem de jogar nas costas dele os meus problemas.

Ser mãe tem valido cada hora de sono que desapareceu, cada adiamento de coisa, cada preocupação (não que tenha tido tantas assim, é mais fácil criar um filho seguindo as coisas com naturalidade).

E agora, ele vai fazer um ano, e eu me orgulho do beija flor, por tudo que ele já é. Por qualquer coisa que ele venha a ser. Mas principalmente por aquilo que ele é.


dedicado por Sarah Helena * 4:11 AM
|
____________________________

[Thursday, April 20, 2006]

Você tem um aluno pagão
Um guia para educadores


Pelo menos um aluno seu tem uma religião com a qual você pode não estar familiarizado. Este material tem o intuito de trazer informações que você pode precisar para compreender a experiência de vida diferente desse aluno, e responder algumas questões que você pode ter.

Como é o aluno pagão?

Por seguir tradições religiosas não dogmáticas, existe uma vasta gama de denominações dentro do paganismo. As mais comuns são a Wicca, o Druidismo, o Asatru, e aqueles que se denominam simplesmente pagãos. Do mesmo modo que você tem evangélicos neo-pentecostais, batistas, presbiterianos, católicos, ou simplesmente pessoas que se denominam cristãs, cada um com suas características, mas todos com características em comum. Graças a essa variedade, nem tudo que for dito será totalmente válido para todos os pagãos, mas engloba as características mais comuns, que podemos generalizar como pagãs; seu aluno ou os pais dele explicaram se alguma de suas práticas for diferente destas.


Um aluno pagão pratica uma religião politeísta e baseada na natureza

Um aluno pagão:

- vai honrar a divindade como Deusas e Deuses, ou Deusa e Deus, às vezes com uma ênfase na face feminina da divindade; graças a isso, alunos pagãos buscam um tratamento de gênero igualitário, em todas as suas relações sociais;

- vai ter celebrações religiosas de acordo com fases da lua (principalmente a cheia), sozinho ou em pequenos grupos, e cerimônias marcando o início e ápice das estações do ano, em grupos maiores. Essas celebrações podem ser chamadas de muitos modos: rituais, círculos, blots, esbaths, sabás, entre outros. Esses grupos, essas congregações de pagãos, podem ser chamados de covens, círculos, e outros, de acordo com as diferentes tradições.

Nessas celebrações e no cotidiano, alguns dos objetos encontrados no altar pagão são estátuas ou símbolos dos Deuses, velas, cristais, varinha, punhal (sabendo que esse punhal de uso ritual não tem fio, sendo um símbolo, não uma ferramenta de corte), taças, caldeirão, incenso, e símbolos como a estrela de cinco pontas, chamada de pentagrama ou pentáculo.

- pode usar símbolos religiosos como joalheria. Do mesmo modo que um católico usa uma cruz ou uma imagem de santo no pescoço, um aluno pagão poderá usar uma imagem de Deusa ou Deus, um nó céltico, luas crescentes ou cheias, o olho de Hórus (símbolo egípcio), o machado de lâmina dupla (vindo do culto grego), espirais e triplas espirais (chamadas triskeles), o martelo de Thor, o yin-yang (símbolo do Tao), animais ligados a Deuses, como o lobo, o corvo, o dragão, e, o mais comum, o pentagrama ou pentáculo (uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo). A confusão do pentagrama com algum tipo de símbolo satânico vem do uso que satanistas fazem do pentagrama invertido (assim como invertem a cruz cristã). O uso do pentagrama pelos pagãos está fundamentado nos gregos Pitagóricos, que usavam a estrela simbolizando sabedoria e equilíbrio, e dentro do círculo, ligando isso à idéia de eternidade e unidade.

- irá ver a Divindade como imanente na humanidade e na natureza, e verá todas as coisas conectadas umas às outras. Isso normalmente se traduz em um interesse pela ecologia e o ativismo, e uma fascinação pelos ciclos naturais.

- irá acreditar em magia, mas não a mágica dos truques ilusionistas. Isso inclui crer em conceitos como o de campos de energia pessoal, como o conceito chinês de chi, e também inclui o uso de rituais e ferramentas para dramatizar e gerar um foco de pensamento positivo, e técnicas de visualização. (podemos comparar com as atitudes ritualizadas dentro de qualquer outro culto religioso) Isso não significa que o estudante pode mexer o nariz e limpar a sala, invocar espíritos ou demônios, ou fazer qualquer coisa que quebre as leis naturais, embora, como qualquer outra criança, ela possa desejar poder fazer essas coisas. Isso também não significa que o aluno possa enfeitiçar ou amaldiçoar, porque nossa estrutura ética acredita que as ações sempre retornam para quem as fez, e esse tipo de atitude é proscrita.

- é quase certo que acreditará em reencarnação. Esta é crença mais comum entre todas as vertentes do paganismo, mas não é universal. De todo modo, seu estudante pagão não acredita no conceito de Céu e Inferno; ele irá acreditar em outros conceitos de “outro mundo”, como a Terra do Verão céltica, o Valhalla, o reino honrado das religiões do norte da Europa, ou nos campos sagrados de algumas tribos indígenas, entre outros.

- pode chamar a si mesmo Bruxo, Wiccano, Pagão, Neo-Pagão, Adorador da Deusa, Asatruar, Druida, entre outras definições. Palavras de conotação mais negativa, como feiticeiro, não são bem aceitas, pelo preconceito implícito nelas. E embora ele possa ou não se ofender com os estereótipos, ele provavelmente se apressará em dizer que as figuras de pele verde, nariz longo e curvo, caricatas, em cartazes de halloween ou livros de histórias não se parecem com ele ou sua família.

Um aluno pagão é educado em uma ética que enfatiza tanto a liberdade pessoal como a responsabilidade pessoal.


A ética pagã permite uma grande liberdade pessoal, desde que aliada a uma forte responsabilidade pessoal. A base primária para a ética pagã é a compreensão de que tudo está conectado, que nada que se faz deixa de afetar os outros, e que toda ação tem uma conseqüência. Não existe o conceito do perdão dos pecados no nosso sistema ético: as conseqüências de uma ação devem ser encaradas, e é necessário que haja uma reparação em relação a quem foi prejudicado. Não existem regras arbitrárias sobre questões morais; cada ação deve ser pesada em relação ao dano que poderia causar a alguém. Assim, por exemplo, a homossexualidade consensual não tem nenhum peso moral negativo, porque não prejudica ninguém, mas fazer “brincadeiras” com as características dos outros (como o bullying), será considerado muito errado, porque prejudica a integridade e a auto-estima daquele que está sendo vítima da “brincadeira”. Um bom exemplo de como essas regras éticas são entendidas é a Lei Tripla da Wicca, que diz “tudo que fizer voltará para você três vezes.”
Um aluno pagão abraça o paradigma da diversidade.

Como as religiões pagãs se enxergam como um caminho entre muitos, e não o único caminho para a verdade, e porque pagãos enxergam uma variedade de divindades em seus panteões, tanto masculinas quanto femininas, os pequenos pagãos crescem em uma atmosfera que desencoraja a discriminação de raça, gênero, etc, e incentiva a individualidade, a auto descoberta, e o pensamento independente. Também é provável que ele tenha aprendido religião comparada; a maioria dos pagãos tem como atitude não forçar suas crenças na criança, mas ensiná-las e apresentá-las também a outras crenças religiosas, permitindo que decidam quando tiverem idade para tal. De todo modo, um aluno pagão provavelmente não terá um conceito emocional de Céu e Inferno, ou salvação na visão cristã, embora ele conheça a respeito de um modo teórico. E um aluno pagão está acostumado a respeitar os textos sagrados de outras religiões, mas não a acreditar neles literalmente, quando conflitam com os conceitos científicos ou se propõem a ser a única verdade. Para um jovem pagão, os Vedas hindus, a Bíblia ou o Tao Te King tem o mesmo valor, e merecem o mesmo respeito. O que não significa que ele terá suas crenças fundamentadas em nenhum deles, e irão esperar o mesmo respeito à suas crenças, que devotam à crença dos outros.


É provável que um estudante pagão aprecie leitura, ciências e profissões humanistas


Margot Adler, publicou na edição de 1989 de seu livro Drawing Down the Moon, uma pesquisa sobre o perfil dos pagãos. O resultado mostra que uma das coisas que os pagãos tem em comum apesar de suas diferenças é um voraz apetite pela leitura e o aprendizado. Pagãos também estão muito representados na área de informática e no campo de saúde/cuidado. Crianças pagãs tendem a ter familiaridade com computadores desde cedo. *

Apesar de suas crenças serem muitas vezes incompreendidas, as religiões voltadas para a terra tem crescido nas últimas décadas, e geram grande satisfação espiritual em seus praticantes. Com a atual corrente de apreciação da diversidade e a tolerância, mais pessoas agora compreendem que as diferenças entre raízes culturais trazem perspectivas que devem ser valorizadas e não temidas. Nossa esperança como educadores é que este material providencie informações para que você possa compreender melhor seus alunos pagãos. ______________________________________________________________________________
*pesquisa feita nos Estados Unidos, mas com resultados provavelmente próximos aqui.

Tradução/adaptação do texto You Have A Pagan Student In Your School - A Guide For Educators de Cecylyna Dewr, voltado para o universo que conheço e convivo, de pagãos e professores do Brasil por Sarah Helena “Filhote de Lua” – filhotedelua@yahoo.com.br
©1998 Cecylyna Dewr
A distribuição será bem vinda, mas dêem os créditos
Para mais infomarções contate
Pagan Pride Project – www.paganpride.org


dedicado por Sarah Helena * 1:27 AM
|
____________________________

[Monday, April 10, 2006]

Muito tempo sem postar...

Queria falar sobre xilogravura, mas vou deixar para outra hora.

Também queria falar sobre ausências e a delícia de ter alguém longe em quem se pensar, agora que o meu And está em Rio Claro.

Mas o tempo vai passando e sem problemas, as coisas vão se transformando na mente. Outra hora escrevo sobre cada uma dessas coisas.


dedicado por Sarah Helena * 1:42 AM
|
____________________________

[Monday, February 20, 2006]

Fui olhar lá fora a chuva. Passei pelo encanto chinês que fica na porta, olhei aquela máscara para espantar os espíritos... olhei na janela, uma máscara semelhante sobre nós vermelhos. Na janela do quarto, é Kwan Yin, na porta dos fundos, moedas e uma espada. E fios vermelhos e nós mágicos. E existem as runas, as sequências rúnicas que meu pai riscou nas paredes antes da pintura, e feitas a giz por mim...

Muito deliciosa a sensação de proteção. E ando tento pesadelos, koshari lembrou "mas é porque vc não pendurou as teias de sonho". Verdade... preciso inclusive comprar uma (fazer seria melhor) para pendurar no berço do beija flor.

O ar está abafado. A chuva ameaça mas cai muito brevemente. Fica um ar parado. Fico olhando pensando onde pendurar meus sinos de vento. Com certeza um deles vai ficar perto do altar... mas qual?

Tem grilos na rua. O ar frio entra pelas janelas (fico imaginando porque o nome dessas janelas é capela), e me permite respirar melhor.

Símbolos de proteção são um dos pontos fundamentais na minha visão de lar. Salgrosso espargido na casa, incensos. Sinos tocados no início do ano. Mas é necessário um sinal, uma marca que diga "este lar está protegido" "ninguém entra sem ter boas intenções, ou sem ser convidado".

Na casa de meus pais, O Sagrado Coração de Maria, o Divino Espírito Santo e as runas de meu pai. Na minha casa, a chave da Senhora, o altar dos ancestrais, Kwan Yin.

Cada casa tem seus sinais. Tem uma Diana Caçadora na parede de uma casa próxima daqui; em outra, conchas de vieira por toda a fachada. Na casa de meu bisavô, a bíblia de púlpito, de frente para a porta. Na casa de um amigo, pimentas amarradas, louro e uma figa. A carranca enorme na porta da prima do meu pai (eu amava aquela carranca). Os elefantes brancos e os versos sagrados; uma oração inscrita na plaquinha de metal no batente direito da porta, onde só reconheci um aleph e duas letras de que não lembro o nome; a garrafa cheia de pregos enterrada.

Não sei viver sem enxergar símbolos. A vida é mais fácil quando simbólica. E ainda melhor quando protegida.

E nem citei as plantas que vejo por ai...


dedicado por Sarah Helena * 8:26 PM
|
____________________________

[Thursday, February 09, 2006]

Etapa Um

Tirar tudo que estava em cima. Arranjar lugar, mesmo que provisório. Tirar o que estava dentro. Como isso veio parar aqui?

A poeira parecia de séculos, mas há dez anos atrás ele ainda tinha seu uso original. Uma contrução faz essas coisas. Havia pó de cimento e tijolo. Muito pó. Aquilo que estava estragado, deve ser trocado. Como apareceu aquele buraco? A diferença entre a madeira e o papel...

Ótimo. Arrancado. Não sem trabalho. E agora? Como substituir? Se fosse há um mês atrás... mas não, é agora. E como substituir? Ali esta ele, cadeiras servindo como cavalete, com ar desmontado. Mas quase limpo.

Ele me olha com olhos de vitrine tentando entender o que farei dele. Paciência. COnforme-se em estar quase limpo. E nas minhas mãos. Que nunca fariam dele uma fogueira.


dedicado por Sarah Helena * 6:11 PM
|
____________________________

[Wednesday, February 08, 2006]

Muitas vezes fui acusada de perder a fé. Seja piada ou acusação formal. Mas eu nunca consegui realmente perder a fé. Não está em mim ser capaz de viver sem acreditar. Já odiei o deus que anters servia, mas não consegui ficar sem nenhum. Me apeguei a outros, que me abrigaram nas tempestades e me cobraram ser mais forte, mais corajosa. Deuses que tme olhos muitas vezes mais duros que o primeiro que servi. E que tem uma tendência a me fazer viver sempre pelo caminho mais difícil. Mas sabe, eu gosto disso. Porque eles me fazem forte e capaz, e não uma ovelha.

Como o koshari diz, nós nascemos para ser lobos.


A fé é uma coisa complicada, porque envolve se dar para algo do qual só conseguimos compriender uma parte. E fazer escolhas sem conhecer toda a consequência. Ter fé é aceitar que vai conhecer prazeres e alegrias maiores, e dores que nem imaginava existirem.

As vezes eu achei que ia doer pra sempre e não mudaria. Me enganei. Fico orgulhosa de mim por ter sido capaz de gerar vida e ter essa vida nos braços fora de um hospital. Fico olhando com ar quase superior quando escuto o kosahri bocejar aqui ao lado e sei que tenho ele comigo por nossa livre escolha e apesar da torcida contrária.

Mas a fé é uma coisa que nos deixa confusos. Porque sempre nos força a ir além, a fazer mais, a ser mais. A fé não nos deixa parar. E é por essas e por outras que vou escrever mais essa semana ainda...


dedicado por Sarah Helena * 3:47 AM
|
____________________________

[Monday, January 30, 2006]

Tudo Que Se Quer (versão beeeem livre de All I Ask Of You)
cantada por Emílio Santiago e Verônica Sabino quando eu ainda era uma menina
não tenho certeza quem fez a letra...


Olha nos meus olhos,
esquece o que passou,
aqui neste momento,
silêncio e sentimento.

Sou o teu poeta,
eu sou o teu cantor,
teu rei e teu escravo,
teu rio e tua estrada.

Vem comigo meu amado amigo,
nessa noite clara de verão.
Seja sempre o meu melhor presente,
seja tudo sempre como é.
É tudo que se quer.

Leve como o vento,
quente como o sol.
Em paz na claridade,
sem medo e sem saudade.

Livre como o sonho,
alegre como a luz.
Desejo e fantasia,
em plena harmonia.

Eu sou teu homem, sou teu pai, teu filho.
Sou aquele que te tem amor.
Sou teu par e teu melhor amigo.
Vou contigo seja aonde for.
E onde estiver estou.

Vem comigo meu amado amigo.
Sou teu barco neste mar de amor.
Sou a vela que te leva longe
da tristeza.

Eu sei, eu vou.

E onde estiver estou.



As vezes precisamos dar um chance para que as coisas aconteçam. Ninguém chega a vida adulta sem se machucar, um pouco ou muito. E se machucar as vezes nos embrutece de uma maneira muito sutil. POrque na maioria das vezes, não nos embrutece contra os outros, mas contra a gente mesmo. Porque a gente cria uns medos bizarros de que as coisas dêem certo.

Eu sou um pouco suspeita para falar dessas coisas. Acima de tudo, acredito em amor. Um sentimento que desta vez consegui fazer andar junto com uma paixão, mas não foi sempre assim. E muitas vezes eu aprendi a amar. Amor não brota sempre de uma paixão arrebatadora. As vezes, ele tem uma brotação mais violeta e menos orquídea. O que tem suas vantagens, porque violetas dão flor o ano todo, e rebrotam com facilidade.

O problema é que com medo de machucar ou outros, e principalmente, com medo de machucar a si mesmo, a gente se impede de brotar. Não permite que o fígado (outro dia posto sobre isso, mas é meu fígado que ama, não meu coração) pulse por alguém na sintonia que poderia. Se priva de tentar, com medo de um futuro em absoluto hipotético, e que pode jamais acontecer.

O maior erro que se pode ter é medo de magoar alguém. É uma ofensa contra a pessoa, até. E medo de se magoar...também é uma ofensa, e até pior. Porque é se privar da vida com medo de gasta-la. E ai ela vai sozinha embora, e deixamos para trás terríveis "e se..." que vão nos atormentar um dia.

As vezes, a gente precisa se abrir para as possibilidades. Pode ser que aquilo que a gente mais procurou tenha chegado meio fora da estação. E sem as folhas e o sol no lugar certo, dificulta muito identificar. Mas se a gente se permitir brincar, o verão vai chegar logo, e pode trazer suspresas geniais.

Nunca tenha medo de machucar os outros. Nem a si mesmo. Arriscar é sempre valido. E magoa muito mais fugir do que deixar arrefecer a seu tempo. Para todos os envolvidos.


dedicado por Sarah Helena * 1:40 PM
|
____________________________

[Sunday, January 22, 2006]

Está um calro absurdo, e todas asp ortas e janelas estão abertas. Agora a pouco tinha um grilo na rua. Abro a geladeira e ponho no copo o último gole do refrigerante de limão.

Agora é noite e o vento entra pela casa, o que é bom. Fiz pipoca para matar a fome, e fiquei no computador tentando escrever algo que preste. Não andei bem nesses dias. As vezes uma tolice acumula outra e me sinto péssima.

No entanto, depois de um tempo enorme, comecei a pintar uma tela. Surpreendentemente, estou gostando do resultado. Ela é um presente. Prometido a muito tempo. Valeu a espera porque agora minha técnica é melhor. O quadro fica menos duro. Primitiva, tudo bem, mas menos seco.

Ando um pouco irritada com alguns dos meus melhores amigos. Auto piedade e aquela maldição do acreditar que "não adianta, não vai fazer diferença, não vai mudar nada, a vida é uma merda mesmo". Mas como a gente faz para alguém ver a verdade quando teima em manter os olhos fechados?

Não faz. E isso me irrita, porque odeio a sensação de impotência. De querer fazer algo e não poder. Me irrita que caras tão incríveis se recusem a aceitar que são assim, e consigam viver com mais apreço pela vida.

Nós somos muito jovens ainda. E continuaremos sendo depois dos trinta anos. Não existe motivo para achar que a vida acabou antes de terminar.

Pois é. O calor me deixa emotiva. E não me permite dormir...


dedicado por Sarah Helena * 10:49 PM
|
____________________________

[Tuesday, January 10, 2006]

Comecei a escrevr um post, mas estava muito agressivo. E aqui, eu busco o equilibrio não o confronto de frente. Tenho enfrentado algumas dificuldades desde que engravidei. As pessoas não aceitam que ser mãe não mudou quem eu sou. Continuo a mesma Sarah, Filhote, Sad, Harië que eu era antes. Mas com algo a mais. Continuo falando palavrão, gostando de beber, tendo tendências auto destrutivas, preferindo a sombra e a penunbra, rezando para a lua cheia, colecionando imagens de gatos... me visto de preto e gostaria de conseguir vestir o beija flor de um jeito parecido com o meu, mais rock'and'roll. Gosto da sensação da fumaça do cigarro entre os dentes.

E "as pessoas" decidem que não posso ser uma boa mãe por isso. Acham que só podemos assumir um papel social por vez. Vejo isso entre muitas mães com quem convivo pela internet. Não conseguem aceitar seus outros papéis: deiixam de se sentir mulher, profissional, amiga, baladeira. Ficam em um clima "minha vida acabou" e "meus filhos são tudo para mim", que no fim significam a mesma coisa. Gosto do convívio delas, para tirar dúvidas, falar dos filhos, mas elas vivem em função disso. Onde estão as pessoas que elas são? Não sei. Só conheço as mães que elas são.

Eu sou bem dedicada/preocupada. Carrego o beija-flor em um sling, tive ele na Casa de Parto, não no hospital, porque procurei um parto humanizado. Não deixo ele vendo TV mais que uns minutos, e nunca coloco ele propositalmente assistindo. Amamentei exclusivamente até os seis meses, mesmo trabalhando. E tenho uma preocupação em apresentar uma alimentação saudável e variada para ele. Estimulo ele ao máximo, converso e leio para ele, não forço a barra, optei com o Koshari que ele ficasse o ano passado todo sem trabalhar para conviver com ele e para que não precisasse coloca-lo em uma creche.

Só que saio com ele desde os 11 dias; saio a noite e bebo uma cerveja de vez em quando, com ele; ando pelo centro de São Paulo. Pego ônibus, trem metrô. Continuo vivendo minha vida.

Durante nosso dia-adia, temos muitos papéis sociais: eu mesma, sou amiga, mãe, amante, companheira, professora, bruxa, roqueira, porra-loca, blogueira, e um monte de rótulos que as pessoas colocam na gente para nos fazer caber na sua visão de mundo. O que não é errado. Mas é preciso ter visão do todo.

Assumimos muitos papéis, mas enhum é único. Temos que aprender a aceitar que a pessoa na nossa frente tem uma vida e um universo próprios, e que a passagem dela por nós é parte disso, mas não a totalidade.

E precisamos procurar o equilíbrio entre todas as nossas partes, para poder viver tudo com intensidade, sem se arrepender depois por ter feito as escolhas erradas...


dedicado por Sarah Helena * 3:03 AM
|
____________________________

[Tuesday, January 03, 2006]

E falando sobre fantasia/realidade, assisti um filme bem legal ontem. Um desses que deviam ganhar o prêmio de tradução ruim, tanto no título como nas legendas... Cruzado, com o Orlando Bloom, o Jeremy Irons (eu amo Jeremy Irons), etc. O nome original é Kingdon of Heaven, Reino do Céu, embora eu ache que Heaven fica melhor sem ser traduzido. Um filme que, obviamente, toma liberdades históricas mil, mas que coloca uma coisa interessante: como em uma guerra todos os lados podem estar certos, e ao mesmo tempo estarem errados. Saladino, Balian, até mesmo os templários, lutavam por aquilo que acreditavam. Acho que é disso que sinto falta hoje em dia. A gente tem medo de lutar. Não que antes fosse melhor. A Deusa sabe o queanto estou feliz de viver nessa época.

Mas quantos de nós teriam coragem de largar tudo para ir lutar no outro lado do planeta por algo em que acreditamos? E não digo só pegar em armas.

Eu sempre desejei cair na estrada. Até hoje, me sinto melhor na estrada do que em praticamente qualquer outro lugar. Ainda assi, sempre tive medo. Nunca fui embora, mesmo quando estava preparada para isso. É fácil achar desculpas...

Dinheiro é a primeira delas. Família a segunda. A outra é o auto engano, o "eu não queria mesmo fazer isso". Tudo furado.

Ao mesmo tempo, percebo pequenas conquistas no meu dia a dia, e me felicito. As vezes acho que estou mais perto do que nunca de ser eu mesma... mesmo que a estrada esteja mais na minha mente que sob meus pés.

Está chovendo lá fora. O beija flor dorme no berço. Koshari está na sala jogando video game. De vez em quando, um trovão, um suspiro do beija flor. Sinto sede, mas a garrafa de água está longe... decido acabare o post sem termina-lo, e ir beber água.


dedicado por Sarah Helena * 3:22 AM
|
____________________________