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The Sadgirl
[Tuesday, November 30, 2004]
Nada nos torna tão próximos da morte quanto novas vidas. Queria ter vindo falar sobre novas vidas e assim, tão rápido, venho falar sobre a morte. Não consigo compreender certas coisas. Mas apesar de tudo, aprendi a ter fé.[Saturday, November 20, 2004]
Esse texto eu comecei a escrever ano passado, mexi nele algumas vezes, e não consigo lembrar se postei ou não no antigo Buscas. Vale reler, fiz umas alterações... e para quem não frequentava o antigo blog... boa viagem
Eu tenho trabalhado como professora já há algum tempo. E, para minha decepção, a conversa favorita na sala dos professores, nos corredores, onde se descansa e toma café, não é a novidade da ciência, ou a poesia que leu, seu pintor predileto. É, pura e simplesmente, uma conversa sobre cor de cabelo e gordura.
A maioria das professsoras perde seu tempo discutindo tinturas e regimes. Hoje, ouvi uma delas comentando assim: “tomei laxante todo dia nas férias, as vezes duas vezes por dia, porque decidi que ia, de qualquer jeito, emagrecer”. E a outra respondendo sobre as vantagens disso como método de emagrecimento.
Olhei para o meu corpo, e senti um desgosto tão grande, por minha pequenez, minhas coxas grossas, a amplidão do meu corpo. Como se amplidão fosse uma palavra feia. Como se meu corpo fosse algo vergonhoso e ruim, porque embora eu não seja um exemplo de atitudes saudáveis, eu jamais agrediria meu corpo para diminuir os números que surgem na balança.
Como posso dizer para minhas alunas terem orgulho daquilo que são quando suas professoras passam o tempo todo renegando suas identidades e corpos? Tingindo o cabelo de loiro, alisando o cabelo, cobrindo a pele com maquiagem pesada em plena uma hora da tarde, quando nada disso seria necessário? Lutando desnecessariamente contra o peso, tentando forçar um biótipo que é irreal, que não tem serventia alguma para a mulher.
Crescemos aprendendo a nos odiar. Somos feias, sujas, gordas demais, magras demais. Nossos dentes nunca estão certos. Nossas mãos são grandes ou pequenas demais. Nossos pés são grandes, temos dedos feios, nossa pele é esquisita, nossos pelos são nojentos, feios, asquerosos, uma falta de recato e pudor.
Não nos vestimos bem, não fazemos aquilo que se espera de “uma boa menina, uma menina comportada”.
E nos odiamos. Passamos a vida nos odiando, temendo que os outros nos achem tão horripilantes assim.
Mas não deveria ser assim. Quando olho para meu corpo, para os sessenta quilos de carne, gordura, ossos e pele, para meu tamanho que acho tão pequeno, e me acho feia, preciso lembrar também de tudo de bom que esse corpo me proporcionou. A sensibilidade da minha pele, a maciez dos meus seios, a força de meu sexo, e o prazer que meu corpo me proporciona. Tenho duas pernas, dois braços, cinco dedos em cada mão e pé. Não enxergo direito, nem ouço direito, mas vejo o suficiente para apreciar um quadro e escuto o suficiente para ouvir boa música. Será que eu preciso realmente de mais? Será que eu preciso ter um corpo escultural e ser uma atleta? Sou resistente à dor, tenho uma tatuagem, posso ficar mais de 24 sem comer e sem sentir fome (graças, aliás, às reservas de energia de meu corpo, que eu não teria se fosse magra). Sou como um vaso que contém muitas coisas, e minha proximidade com a terra me torna parte dela, como dizem as mulheres tehuana, do México.
E se eu fosse alta e magra, seria como uma árvore que nos leva a todos em direção ao céu, e meu corpo esguio teria a agilidade do rio que corre entre as pedras. Não saberia falar sobre ser alta e magra, na verdade, porque minha personalidade reflete aquilo que eu sou. Quando penso em ser alta e magra, penso em Thaís e Luana. Elas são duas moças magras, com ossos que, quando envolvo seus pulsos com minha mão, sinto que poderia quebrar. Elas muitas vezes foram desdenhadas por serem como são. Mas existe uma força de vôo nelas, quando se movem, ou dançam. Elas são diferentes de mim, e não são mais ou menos belas por isso.
Sempre que iniciamos um caminho, em primeiro lugar devemos aceitar a nós mesmas. Olhe para seu corpo. Seja ele como for, é uma manifestação do sagrado. Uma pessoa próxima, que convive com alunos surdos e cegos, me contou uma coisa interessante. Conversando com um surdo, ele dizia como era feliz por ser surdo, e tinha pena do amigo cego, obrigado a viver na escuridão. E o cego, contava como era feliz por ser cego, porque se fosse surdo enlouqueceria por não poder ouvir o mundo a sua volta.
Temos que pensar, cada vez que nos fazemos bonitas, se estamos nos arrumando para nós, para nossa satisfação pessoal, ou se não estamos tentando nos adaptar a um padrão de beleza imposto pelos homens, um padrão que satisfaz a eles, mas não a nós. Quando você se preocupa com “o que os outros vão pensar”, isso não ser belo. Belo é se entregar, ao feminino mais selvagem que há em você, aceitando, acalentando, uma imagem sua, de algo que te faz bem, de um corpo que te serve. Serve não no sentido de ser serviçal, mas no sentido de ser “o seu número”.
Um grande erro que percebo em certas doutrinas espiritualistas ao extremo, é renegar o corpo físico como algo menor, menos importante. Mas nosso corpo faz parte de nós tanto quanto nossa alma. É através dele que nos colocamos para o mundo, que modificamos as coisas, que tomamos atitudes que podem nos levar adiante. Usamos nossa voz e nosso corpo para adotar posturas e emitir sons que nos levem a estados de consciência alterados, que nos levem em direção à Divindade ou às coisas transcendentes. Orar, meditar, praticar posturas de yoga, ajoelhar-se sob uma árvore ou mergulhar em um rio, são atitudes que guiam nosso espírito, mas que não poderiam ser feitas sem nosso corpo.
A Terra não é um vale de lágrimas a que estamos aprisionados. É um jardim de sensações. Se temos uma alma imortal, ela não está no corpo como se atada a um castigo, mas está aqui para aprender, e, embora muitos tentem negar, para se divertir e ter prazer. Sinta as texturas de sua roupa, por um segundo. Toque a tela do computador. Ou as páginas de um livro, enquanto seus olhos se perdem em observar as pequenas marcas que formam as letras. Escute o ambiente a sua volta. Seu corpo, seja ele como for, te trás possibilidades infinitas de aprendizado. É interessante notar que Sidarta Gautama, o Buda, não atingiu a iluminação quando se mortificou e jejuou, mas quando, após experimentar a fome, comeu um prato de doce e se sentou sob uma figueira para descansar, observando a sua volta. E o Cristo fez água se tornar vinho, como seu primeiro milagre. E também o Deus Quetzalcoatl, para poder criar a humanidade, precisou ele mesmo se tornar um homem de carne e osso, e aprender a morrer, e sentir todos os desejos humanos. Se não conseguirmos nos aliar, compreender e amar nossos corpos, nunca conseguiremos dar atenção a outros assuntos.
Não se pode aprender antes de matar a fome.
E o corpo tem fome de vida. Não devemos pensar nos que os outros pensam dos nossos corpos. Não é pecado ter amor próprio, pelo contrário. Se nosso corpo é a morada dos Deuses, nada mais justo do que amar esses corpos, respeitando-o, e aceitando-o como aquilo que é.
[Friday, November 19, 2004]
Eu não sei de quem é o crédito desse texto. Não é difícil perceber que é uma tradução. Fala sobre flocos de neve e perus em novembro, mas acima de tudo, acho que ele serve não só para pais pagãos, mas para pais com noção.[Thursday, November 18, 2004]
93 idéias para Pais Pagãos
· Recicle
· Entre no parque
· Pule para dentro de poças
· Aprenda algumas constelações
· Aprenda os nomes de vegetação local
· Seja voluntario
· Observe as nuvens
· Plante um jardim
· Asse pão
· Deixe oferendas
· Tenha o altar para as crianças
· Fale com as Árvores
· Dance
· Toque tambor
· Brinque
· Cante
· Arrume para Noel chegar no Solstício
· Arrume pro Coelho chegar em Ostara
· Escute suas crianças
· Chore
· Vá acampar
· Adote um peru durante novembro
· Adote uma margem de estrada
· Faça pilhas de pedra
· Nade nos lagos e rios
· Ria
· Pise e grite
· Leia mitos
· Escreva poesia
· Faça um livro pagão de colorir
· Empine uma pipa
· Pintura de dedo
· Leve suas crianças para votar com você
· Abertamente discuta políticas
· Conheça seus vizinhos
· Faça uma festa do chá
· Crie um jogo de "poções"
· Vá para a biblioteca
· Conte histórias
· Faça um espetáculo de boneco
· Fale com suas crianças
· Construa um castelo de areia
· Respire
· Coma flocos de neve
· Conheça os professores deles
· Os ajude com a lição de casa
· Não os deixe passar muito tempo fazendo a lição de casa
· Deixe-os brincar do lado de fora
· Desligue a televisão.
· Sente nos bosques e só observe quietinha
· Diga "eu te amo"
· Faça um "feitiço contra o bicho papão"
· Finja
· Procure por anéis de fada
· Faça água de lua
· Tire sonecas
· Reparta
· Deixe-os ajudar no planejamento de rituais
· Ensine tolerância
· Faça bastões
· Faça uma bolsa especial p/ ferramentas de magia
· Abraços
· Inclua suas crianças
· Faça excursões à fazendas locais
· Não vá para o circo se eles tiverem animais
· Honre as diferentes fases da infância com um ritual
· Respeite suas crianças
· Ensine-lhes respeito
· Fale sobre sentimentos
· Conheça os amigos deles
· Pergunte e responda
· Encoraje-os a perguntar
· Dê graças
· Os alimente com comida saudável
· Evite excesso na mochila
· Torne os erros uma oportunidade para aprender
· Leia para eles
· Acredite em magia
· Arrume tempo para suas crianças
· Elogie suas realizações
· Ajude-lhes a estabelecer metas
· Procure seus interesses
· Introduza culturas diferentes
· Coma comida étnica
· Seja um bom exemplo para suas crianças
· Cubra-os na cama antes de dormir
· Tenha um dia preguiçoso com eles
· Cave na areia
· Explore vida selvagem de quintal
· Não espere que a criança seja um pequeno adulto
· Deixe-o ser criança
· Ensine-lhes a caminhar no caminho dos antigos
· Ensine-lhes a fazer seu próprio caminho
[Tuesday, November 02, 2004]
Sabe o que é engraçado no mundo? Eu tenho a fama de ser alguém que não faz nenhum sacrifício. É, eu não me dedico aos meus amigos, eu fico esperando que eles façam tudo pela amizade. Eu deveria achar engraçado isso, mas eu acho que é trágico.