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The Sadgirl
[Wednesday, June 23, 2004]
Uma Estranha Realidade, Carlos Castaneda .
" Meu benfeitor dizia que , quando um homem toma os caminhos da feitiçaria, torna-se consciente, aos poucos, de que a vida comum ficou para trás para sempre ; que na verdade o conhecimento é uma coisa assustadora; que os meios do mundo comum não são mais um escudo para ele; e que tem que adotar um novo modo de vida, para poder sobreviver . A primeira coisa que ele deve fazer nesse ponto é desejar tornar-se um guerreiro, um passo e uma decisão muito importantes . A natureza assustadora do conhecimento não nos deixa outra alternativa se não nos tornarmos um guerreiro .
Quando o conhecimento se torna uma coisa assustadora, o homem também compreende que a morte é o companheiro insubstituível, que se senta ao lado dele na esteira . Cada pouquinho de conhecimento que se torna poder tem a morte como sua força central. A morte dá o último toque, e o que for tocado pela morte torna-se realmente poder .
Um homem que segue os caminhos da feitiçaria se defronta com a aniquilação iminente a cada passo do caminho, e é inevitável que tome fortemente consciência de sua morte . Sem a consciência da morte , ele seria apenas um homem comum, praticando atos comuns . Não teria a necessária potência , a necessária concentração que transforma o tempo comum da pessoa na Terra num poder mágico . "
"Assim para ser um guerreiro o homem tem de estar, antes de tudo, e propriamente, muito consciente de sua própria morte . Mas a preocupação com a morte levaria qualquer de nós a focalizar a atenção em si e isso seria debilitante . Portanto, a segunda coisa de que se precisa para ser um guerreiro é o desprendimento . A idéia da morte iminente, em vez de se tornar uma obsessão, torna-se uma indiferença ."
"Somente a idéia da morte torna o homem suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a qualquer coisa. Um homem assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu um amor calado pela vida e por todas as coisas da vida. Sabe que a morte o acompanha e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo que ele experimenta, sem ansiar, tudo de todas as coisas .
Um homem desprendido, que sabe que não tem possibilidade de evitar sua morte, só tem uma coisa em que se apoiar: o poder de suas decisões . Ele tem de ser , por assim dizer, o senhor de suas opções . Deve compreender plenamente que sua opção é sua responsabilidade, e, uma vez feita, não há mais tempo para remorsos ou recriminações . Suas decisões são finais, simplesmente porque sua morte não lhe permite tempo para se agarrar a nada .
E assim com a consciência de sua morte, com seu desprendimento e com o poder de suas decisões, um guerreiro organiza sua vida de maneira estratégica . O conhecimento de sua morte o orienta e o torna desprendido e secretamente sensual; o poder de suas decisões finais o torna capaz de escolher sem remorsos, e o que ele escolhe sempre é o estrategicamente o melhor; e assim ele executa tudo aquilo de que precisa com vontade e uma eficiência sensual .
Quando um homem procede dessa maneira, pode-se dizer com segurança que ele é um guerreiro e adquiriu a paciência ! "
"Quando um guerreiro consegue a paciência, está a caminho da vontade. Sabe esperar. Sua morte senta-se com ele em sua esteira, eles são amigos. Sua morte o aconselha, de maneiras misteriosas, a optar, a viver estrategicamente. E o guerreiro espera ! Eu diria que o guerreiro aprende sem pressa alguma porque ele sabe que está esperando sua vontade; e um dia consegue realizar alguma coisa que normalmente seria impossível. Pode nem notar seu feito extraordinário. Mas, à medida que continuar a realizar coisas impossíveis, ou coisas impossíveis forem lhe acontecendo, ele percebe que uma espécie de poder está surgindo. Um poder que emana do seu corpo enquanto ele progride no caminho do conhecimento. A princípio, parece um comichão na barriga, ou um ponto quente que não consegue ser aliviado; depois torna-se uma dor, um incômodo muito grande. Às vezes a dor e o incômodo são tão fortes que o guerreiro passa meses tendo convulsões, e quanto mais graves são elas melhor para ele. Um bom poder sempre é prenunciado por muita dor .
Quando as convulsões cessam, o guerreiro repara que tem sensações estranhas com relação às coisas. Nota que pode tocar qualquer coisa que queira com uma sensação que sai do corpo de um lugar abaixo ou logo acima do umbigo. Essa sensação é a vontade, e quando ela consegue pegar as coisas com ela, pode-se dizer que o guerreiro é um feitiçeiro e que adquiriu uma vontade.
Dom Juan parou de falar e parecia estar esperando meus comentários ou perguntas. Eu não tinha nada a dizer. Estava profundamente preocupado com a idéia de que um feiticeiro tinha de sofrer dor ou convulsões, mas sentia-me encabulado de perguntar-lhe se eu teria de passar por isso. Por fim, depois de um longo silêncio, perguntei-lhe e ele deu uma risada, como se estivesse esperando essa pergunta . Falou que a dor não era absolutamente necessária; ele , por exemplo, nunca a sentira, e a vontade lhe aconteceu simplesmente .
- Meu benfeitor era um feiticeiro de grande poder- continuou ele. - Era um guerreiro perfeito. Sua vontade era sua realização mais magnífica. Mas o homem pode ir mais longe do que isso; o homem pode aprender a ver . Quando se aprende a ver, não é mais preciso viver como guerreiro, nem ser feiticeiro . Ao aprender a ver, o homem torna-se tudo, tornando-se nada. Por assim dizer desaparece e , no entanto, continua ali . Eu diria que essa é a ocasião em que o homem pode ser ou conseguir tudo o que deseja. Mas não deseja nada, e em vez de brincar com seus semelhantes como se fossem brinquedos, ele os encontra no meio da loucura deles. A única diferença entre eles é que o homem que vê controla a sua loucura, enquanto seus semelhantes não o conseguem. Um homem que vê não tem mais interesse ativo por seus semelhantes. Ver já o desprendeu de tudo o que conhecia antes.
- A simples idéia de estar desprendido de tudo o que conheço me dá arrepios - falei .
- Você deve estar brincanddo ! O que lhe devia dar arrepios é não ter nada pela frente, a não ser uma vida inteira de fazer aquilo que sempre fez .
Pense no homem que planta milho ano após ano, até estar velho e cansado demais para se levantar, de modo que fica deitado, como um cachorro velho . Seus pensamentos e sentimentos, o que há de melhor nele, vagueiam sem rumo para as únicas coisas que ele já fez, que é plantar milho . Para mim, isso é o maior desperdício que há. Somos homens e o nosso destino é aprender a sermos lançados em novos mundos inconcebíveis .
- Existem mesmo novos mundos para nós ? - perguntei jocosamente .
- Ainda não esgotamos nada , seu tolo - disse ele, imperiosamente. - Ver é para homens impecáveis . Tempere seu espírito agora, torne-se um guerreiro, aprenda a ver, e depois saberá que não há limite para os novos mundos, para a nossa visão .
dedicado por Sarah Helena * 1:00 AM
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[Friday, June 18, 2004]
Eu via pelos olhos dela e escutava por seus ouvidos, e sentia por seu corpo, mas eu sabia que não era ela. Ela era pirata em um navio que singrava não a água mas a névoa. Ela era louca e sua loucura a tornava ágil e incrível nas batalhas.
Mas então havia um zumbido. Um zumbido terrível, vindo de algum lugar. E ele era um zumbido negro, um zumbido de algo incompreensível, algo que se escondia. Então, ela pegou uma ponta de ferro, e se deitou sobre o catre, e abriu a camisa. E rompeu a pele, mas não havia sangue. Havia a entrecasca de uma palmeira. E sob ela a madeira clara e macia da palmeira, que ela cavou com a ponta de ferro até chegar há um oco. Então ela enfiou a mão dentro do buraco em seu peito, e dentro ela capturou um escaravelho, preto como a noite, e uma fava branca. Então ela soltou o escaravelho, que voava tonto pela luz, zumbindo alto, imenso ele, e ficou ali, parada, com a fava branca na mão. Então ela reajeitou as lascas da madeira branca, apertou no lugar a entrecasaca, e fechou a pele sobre o corpo de palmeira.
E então eu acordei...
dedicado por Sarah Helena * 12:57 AM
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[Wednesday, June 16, 2004]
CHE LA LUCE TU GUIDE ...
CHE L'OMBRA TI ACCOMPAGNI ...
CHE LE TENEBRE TI PROTEGGANO ...
benção italiana
dedicado por Sarah Helena * 12:10 AM
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[Wednesday, June 09, 2004]
Pisar sobre a cauda do tigre. Ele não
morde o homem. Sucesso! A situação é
delicada e exige cautela. Aqueles que
estiverem atentos serão bem sucedidos.
O segredo frente às situações delicadas
consiste em ver com clareza e dialogar com
as partes envolvidas para compor
o ajuste dos interesses.
A Conduta
O oráculo
Pisar sobre a cauda do tigre.
Ele não morde o homem.
Sucesso.
Interpretação
A situação é delicada e exige cautela. O tigre, que é muito mais forte que o homem, pode não morder nesse instante, mas não se pode ter certeza de que será sempre assim. Daí a importância de uma conduta suave e equilibrada quando se está associado ou próximo a pessoas fortes e poderosas.
O tigre não morde o homem que está seguindo sua trilha porque está satisfeito e o contato se dá de um modo alegre e inofensivo. Com essa imagem, o oráculo revela que a concretização de um ideal sempre coloca desafios, obstáculos e até mesmo perigos. Não ser "mordido" nessas condições representa uma grande sorte.
O hexagrama ensina que o reconhecimento dos próprios limites pode estimular a busca da perfeição, da integridade e do equilíbrio. Manter-se firme no justo meio e ocupar um lugar de força sem ser inconveniente representa um êxito feliz, uma grande glória.
O conselho estratégico
O homem nobre consulta superiores e inferiores e assim fortalece as aspirações do povo.
Interpretação
Quando estão face a face seres, grupos ou condições desiguais na força e no poder, a saída que evita confrontos destrutivos está em estabelecer uma justa mediação. Distinguir, consultar, moderar superiores e inferiores levará a uma hierarquia justa das partes.
Isso vale tanto para os acontecimentos na vida exterior, como para o mundo interno, quando diferentes motivações avançam pela mesma trilha.
dedicado por Sarah Helena * 1:53 AM
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